O setor de transporte de cargas perigosas é uma área desafiadora do mercado de logística e possui vários processos a serem cumpridos, além de, claro, muitas regulamentações a serem observadas e respeitadas com cautela.
Um dos primeiros obstáculos que encontramos nesse setor é a mão de obra qualificada, ponto fundamental para o sucesso de qualquer operação. Os motoristas envolvidos no transporte desse tipo de produto devem possuir diversas capacitações específicas para essa condução, bem como possuir experiência para ingressar em uma atividade que envolve muita atenção e cuidado.
Hoje, o mercado de trabalho para esse profissional está cada vez mais difícil, uma vez que grande parte dos profissionais não se interessam por se profissionalizar - pois exige comprometimento – e aqueles que são compatíveis com a atividade tendem a permanecerem em empresas por longos contratos.
Além disso, a atividade exige uso de equipamentos específicos, com características especiais e alto custo de aquisição e manutenção. Vale lembrar que possuem pouca vida útil, 10 anos em média, quando o normal para equipamentos são 20 anos. Por terem características especiais, são equipamentos que não permitem a multimodalidade, como os presentes na carga seca e sider, por exemplo, o que contribui para uma perda de produtividade, rodando em média 50% do tempo vazio.
Outra característica do setor é o número de leis que regulamentam a atividade e com isso o alto número de licenças de operação. Uma empresa de transporte de produtos perigosos deve tirar, aproximadamente, 10 licenças, isto quando opera em apenas uma filial. Este número aumenta se a empresa tiver filiais em outros estados, uma vez que cada estado possui sua própria legislação ambiental.
O nível de atendimento exigido pelos embarcadores de produtos perigosos é outra questão. Atualmente, todos os grandes embarcadores possuem normas para atendimento dos seus fluxos de transporte. Estas normas, são apresentadas em manuais com diversos itens, dentre os quais se encontram: gestão da segurança, padrões de manutenção, qualificação e capacitação, entre outros. Para atendimento destes itens a empresa deve estar preparada para grandes investimentos em tecnologia e inovação, bem como capacitação e renovação constante de frotas.
É importante citar os riscos envolvidos na atividade, que exige muita responsabilidade. Hoje em dia, as sanções previstas pela legislação no que tange acidentes com produtos perigosos são de fato muito altas, com multas que, em muitos casos, passam a casa dos 8 dígitos, além de, obviamente, ter um altíssimo potencial ofensivo a terceiro, podendo causar perdas de vidas, fechamento de estradas e comprometimento de fornecimento de bens essenciais a cidades inteiras, como, por exemplo, a água proveniente de rios e córregos que alimentam a cidade. Acidentes com produtos perigosos são quase sempre em grande escala e com grandes danos.
É necessário, ao contratar uma empresa para realizar o transporte e a logística de produtos perigosos, verificar o seu histórico, sua estrutura, seus clientes e principalmente suas credenciais legais para realização deste serviço. Em contrapartida, ao contratar uma transportadora devemos ultrapassar a barreira do custo e definitivamente contratar pelo valor agregado que a empresa está adicionando ao seu negócio.
Antônio Lodi, CEO na Transportadora Andrade
Comments