Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 90% das empresas no Brasil possuem perfil familiar. Esta composição nos diz muito sobre nossa sociedade, valores e também sobre como é gerida a economia brasileira; estas empresas chegam a empregar 75% dos trabalhadores do país. Sem dúvida, a cultura familiar se reflete no dia a dia e influencia o andamento das empresas.
Este modal tem suas vantagens; permite uma rápida tomada de decisões (muitas vezes, fora do escritório), incentiva a lealdade e mantém os negócios nas mãos da família, estabelecendo um modelo direto e conciso de gestão. Porém, é claro, também traz desafios únicos a este tipo de administração.
Talvez a maior dificuldade das empresas de perfil familiar é a separação entre o pessoal e o profissional. É difícil garantir que todos os assuntos da empresa sejam tratados com profissionalismo, sem que as decisões respinguem na esfera familiar. Muitas vezes, alguns colaboradores acabam exigindo tratamento especial em determinadas situações. É preciso um pulso firme, a fim de não comprometer os resultados da empresa.
De fato, quando há familiares envolvidos, o gerenciamento de equipe se torna consideravelmente mais difícil. Uma solução, porém, simples e aplicável a qualquer tipo de negócio, é a documentação de todas as atividades. Quando há clareza na atribuição das responsabilidades de uma equipe, é bem mais fácil agir com o profissionalismo necessário.
Outro assunto delicado é a questão da sucessão. Ela envolve uma maturidade muito forte de todos os envolvidos; às vezes, há a quebra de expectativas, o que acaba repercutindo no ambiente familiar. Em 2018, uma pesquisa da firma de contabilidade PwC apontou que 72,4% das empresas familiares não têm planos de sucessão para cargos-chave, como os ligados à presidência e diretoria. Para evitar este tipo de desarranjo, é necessário, desde o início, definir claramente a cultura da empresa, seus objetivos e as atitudes que ela tomará.
Uma empresa familiar com os processos bem definidos e cuja liderança é baseada na eficiência acaba sendo mais rápida e eficiente nas tomadas de decisões, principalmente em momentos críticos. Há uma maior flexibilidade quantos aos resultados e prestações de contas e a equipe de colaboradores geralmente é mais enxuta, eficiente e feliz.
A despeito das peculiaridades deste tipo de gestão, liderar uma empresa será sempre um grande desafio. Porém, também como reflexo de nossos valores, acredito que o amor e o carinho que se tem pela família é também um enorme diferencial.
André Rufatto, Sócio-Administrador da Rufatto Transportes
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