Minha paixão por música, mais precisamente por discos de vinil, começou muito cedo, quando na casa de meus avós tínhamos uma vitrola Philips que era utilizada para ouvir jogos de futebol e alguns discos. Lembro-me, nas festas de família, que sempre ouvíamos músicas dos mais diferentes estilos e todos em suas casas tinham um aparelho de som que tocava, também, fitas k7. Além disso, gostava de lavar o carro junto ao meu pai ouvindo músicas, das quais me retornam lindas lembranças.
Aos sete anos, tive a oportunidade de começar a tocar violão clássico e popular, onde realizei aulas toda semana até completar quatorze anos. Com esse amor, perguntei à minha avó materna, quando ainda em vida, se poderia ficar com sua vitrola quando conquistasse a minha casa. Infelizmente, ela não pôde participar do meu casamento para ver seu toca-discos em minha sala, ainda mais ver que a minha esposa, assim como eu, também adora discos de vinil e só contribui para aprimorar o meu gosto por esse hobby.
Hoje, o mercado de discos está inflacionado, já que virou uma nova moda. Ficou cada vez mais difícil compor a coleção e, sobretudo, encontrar discos mais raros. Em 2020, as vendas de vinil, nos EUA, superaram as vendas de CD pela primeira vez desde 1986 e em 2021 as vendas tiveram uma alta de 108%. Em lojas como Walmart, Amazon e Target, as vendas do formato representam, agora, 13% do total, acima dos 4% em 2018.
Mas, afinal, o que há de tão especial em discos de vinil?
Na verdade, existe um grande mito em relação ao som produzido pelos discos de vinil. Muitos dizem que o som é muito superior ao produzido pelas outras mídias, como, por exemplo, cds, fitas ou até mesmo digitais. Mas, na realidade, tudo depende do equipamento que se utiliza para ouvir cada meio. Hoje, existem dispositivos para gravação e reprodução com qualidade muito superior aos equipamentos de vinil.
Porém, o que me chama a atenção no vinil é a forma de gravação, bem como todo o ritual para se escutar. As faixas de música são gravadas, com furos microscópicos, em um disco mole de acetato de celulose, uma substância parecida com esmalte. Depois, este disco é transformado em metal e usado para fabricar cópias de vinil derretido. A música está dentro daquela cavidade onde a agulha do toca-discos entra. Essas faixas têm irregularidades microscópicas, que fazem a agulha vibrar ao passar sobre elas. Essa vibração é captada e amplificada pelo toca-discos que sai nas caixas do equipamento.
De fato esse sistema é tão interessante que, mesmo sem o amplificador e as caixas de som, é possível escutar nitidamente a música quando aproximamos nosso ouvido da agulha. É incrível. Ainda, me encanta muito no processo de seleção, compra, chegada e preparação do LP para se escutar. Ver o mecanismo se movimentando antes do início da música e o chiado ao fundo (em discos mais gastos) é uma experiência única. Além disso, essa ferramenta possibilita conhecer todas as músicas do álbum, já que é, praticamente, obrigatório passar por todas as faixas, uma vez que não temos um botão de avançar a melodia.
Por fim, outro aspecto que me cativa são as capas, que são um show à parte. O esmero e cuidado na escolha das cores e fotografia é uma obra de arte além do som. Quando estou ouvindo um disco, inevitavelmente fico imaginando quantas vezes ele foi tocado, quais as festas que ele animou e quantos donos ele teve (pois era comum colocar o nome na capa, dado que para animar um evento era comum levar gravações de diferentes bandas). É realmente uma experiência incrível.
Antonio Lodi - CEO da Transportadora Andrade
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